sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

#QuaseLá|Capítulo05

Hello, Bitches❤

- Hora da Morte: 06h07

Era o quê o médico disse so declarar Bruno2 morto, deixando Bruno1 viúvo pouco mais de 1 dia após o casamento. Todos ficaram perplexos. Ninguém sabia o quê dizer, ninguém sabia o quê sentir e como lidar. Não havia nem ninguém a quem culpar, os agressores haviam fugidos e Bruno não podia reconhecer pois nem lembrava do rosto deles. Tudo que eles podiam fazer naquele momento, era aceitar.
No dia do enterro foi pior, não chuveu e nem fez frio, mas sim um calor infernal de fritar todos em Belém. E ainda assim, Bruno, não mais 1, e sim único, usou um terno rosa em homenagem ao seu marido. Toda quarta eles reasistiam, mean girls, seu filme favorito e como o enterro caiu em uma quarta, os trajes não poderiam ser diferentes.
- No 1° dia de aula, quando eu cheguei na sala e vi que eram muito mais alunos do que eu estava esperando, eu fiquei muito nervoso. É claro que eu sabia que todos estávamos ali começando algo novo, mas ainda assim eu senti que eu era... Novo para estar ali. Pensei em dar meia volta e passar a 1° aula no banheiro "passando mal", mas então eu vi ele - Bruno fazia seu discurso enquanto tentava segurar suas lágrimas - Ele de aproximou até mim, sorriu e perguntou como eu me chamava. Ninguém nunca havia sido tão direto comigo. E sim, ele era lindo, mas foi aquela segurança de se aproximar que me conquistou. Até conhece-lo eu só havia ficado com garotos escondidos, mas com ele eu não queria me esconder, eu queria que todos soubessem o quanto eu o amava - Nesse momento, Bruno não conseguiu mais se segurar e caiu em choro e precisou de alguns minutos para recuperar o fôlego - E eu sempre vou ama-lo e eu sei que aonde quer que ele esteja ele vai ficar bem, por que Bruno não era um ser humano, ele era um anjo em nossas vidas.

Encurtando seu discurdo, Bruno simplesmente se retirou deixando sus sogra prosseguir com o funeral. Ele saiu do cemitério e sentou na calçada e começou a chorar. Era como se ele tentasse expulsar todo aquele sentimento ruim, mas não adiantava, quanto mais ele chorava, mas doía.
- Bruno - Pam e os outros foram atrás dele.

- O quê eu faço agora?! Como que eu vou viver sem ele?!

- Eu... Não sei - Eles não sabiam o quê responder, também não conseguiam imaginar como seriam as coisas daqui pra frente.

- Eu o amava mais que minha própria vida e a gente sempre falava sobre como as coisas eram perfeitas para gente e de repente tudo... Acabou - Bruno se calou por alguns segundos sem nem conseguir reformular sua frase - Eu preciso ir.

- Não, você não pode ir - Pam o segurou - Eu sei, ou melhor, Eu NÃO sei como deve ser perder a pessoa que mais importava para você, mas sei que o Bruno te amava e ele queria que você estivesse com ele até os últimos segundos.

- Ele precisava se você, Bruno - Thiago disse.

- E você não vai tá sozinho - Ulysses finalizou.

E então eles tiveram que voltar para o funeral de nariz erguido. Eles não estavam se despedindo de um qualquer que morreu, era seu Bruno 2. Amor, companheiro e amigo.
Ao cair da noite, todos estavam de volta a suas residências, com exceção de Bruno que foi convecido a Pam a ficar em seu apartamento.
- Bom, eu já vou indo então - Eliza dizia enquanto Bruno ia para o quarto de hóspedes e Pam estava sentada na mesa da cozinha.

A discussão entre as duas havia ficado feia e o clima havia piorado. Se não fosse pela morte de Bruno 2, Eliza nem havia voltado para o prédio.
- Tchau, Pam - Eliza se arrastou até a porta tentando não olhar para atrás. Mas algo dentro dela ainda a dizia para ficar.

- Eliza, espera - Pam se levantou e foi atrás dela.

- O quê? - Eliza virou esperançosa - Você pode vim buscar suas coisas quando quiser.

- Ah... Obrigada.

- E depois que tu pegar tudo... Deixa a chave com o Ulysses.

- Claro - Eliza engoliu seco e se retirou, deixando Pam sozinha na sala com as costas cansada de ter carregado tudo nas costas.

No apartamento dos meninos, Ulysses precisou de toda a água gelada para retirar as energias negativas que se encontravam em se corpo após passar a semana em hospitais e cemitérios. Quando acabou, queria passar um bom tempo sem roupa, mas graças as presença da Mãe de Thiago ele passou de roupão mesmo. E ao entrar em seu quarto, encontrou o garoto sentado na beira da cama:
- O quê foi agora?! - Ulysses perguntou desesperançoso.

- O Bruno estava acabado hoje.

- Todos estávamos, mas não deve ser fácil enterrar o amor da sua vida. Principalmente logo depois de ca...

- Me promete que você vai se cuidar - Thiago disse deixando Ulysses sem reação.

- ...quê?!

- Me promete que a gente nunca mais vai precisar ir pro hospital assim.

- Thiago...

- Eu achei que você fosse morrer - Ele dizia com o choro engatado na garganta - Você é meu melhor amigo, Ulysses, eu não posso te perder assim. Não desse jeito.

- Thiago...

- Me promete que eu não vou te perder, me promete AGORA!

- EU PROMETO - Ulysses disse Alto agarrando as mãos do amigo - Eu vou tomar mais cuidado okay?! Não vou mais te assustar e você não vai me perder.

- Eu te amo.

- Eu também te amo.

Eram quase 22h quando a Srt.Einstein assistia a 20° edição do BBB comendo pipoca enquanto sua mãe dormia. No susto, ela escutou alguém batendo na porta. Automaticamente pensou que não era coisa boa, afinal, era bem tarde e a cidade apesar de parecer segura, se tornava um caos com armas se tornando cada vez mais acessíveis.
- QUEM É?! - Ela gritou afastada da porta.

- Mãe, sou eu - Ela automaticamente reconheceu a voz e correu para abrir a porta.

- Eliza?! - Ela viu a filha com uma mochila nas costas.

- Oi - Eliza entrou acanhada - Eu posso passar um tempo aqui?

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

#QuaseLá|Capítulo04

Hello, Bitches❤

Eliza não sabia o quê fazer. A sua namorada de mais desde o ensino médio havia acabado tudo. Eliza nem tinha para onde ir agora. Sabia que Pam deixaria ela ficar na casa, mas ela também sabia que se tivesse que ver a Pam com mais alguém ela morreria. E por isso ela estava agora no terraço do prédio em que moravam. Em um curso em que ela odiava com todas as forças e agora sem a namorada para lhe dar suporte, Eliza não tinha mais perspectivas de vida e nem queria continuar a sua. Ficou em pé na ponta do prédio encarando o chão. Um único passo e tudo acabaria para sempre.
Ela fechou os olhos e começou a contar: 
- 3... 2...

Mas antes que pudesse continuar, Fire tocou alto o suficiente para tira-la do transe. Era seu celular tocando. Suicídio deveria ser algo mais privado.
- Alô?! - Eliza atendeu com uma voz pesada.

- ELIZA, POR FAVOR VEM PRO HOSPITAL AGORA.

- QUEM TÁ FALANDO?! THIAGO?! - Ela reconheceu a voz do amigo.

- É O ULYSSES. ELE NÃO TÁ BEM.

Ela desceu as escadas apressada. Não sabia p quê estava acontecendo. Nunca havia visto a voz do Thiago tão triste.
Ao chegar na rua trombou com Pam esperando um carro.
- Tá indo ver o Thiago?!

- To - Ela respondeu sem pensar duad vezes.

- Por favor, deixa eu ir contigo.

- Vamos.

No caminho elas não trocaram uma palavra. Não por terem acabado de terminar, mas por estarem tentando entender o quê aconteceu para Ulysses parar na emergência uma hora dessas.
Assim que chegaram Eliza correu para dentro deixando Pam pagar a viagem. Na entrada do hospital, Eliza viu a Penélope, moto de Ulysses caída no chão. Primeiro achou que fosse acidente de moto, mas ao encontrar Thiago na sala de espera entendeu que não era.
- O quê aconteceu aqui?! - Eliza se aproximou do amigo preocupada.

- Eu não sei - Thiago levantou nervoso em prantos - A gente tava bem e de repente ele tava no chão vomitando sangue.

- O quê?! - Pam chegou assustada - Cadê ele?!

- Levaram ele lá pra dentro - Thiago apontou para a sala da urgência emergência para casos cruciais.

-Ele...?! - Eliza não precisou terminar a frase antes de Thiago responder.

- Eu não sei - Thiago abraçou as meninas com os olhos cansados de tanto chorar. Os três estavam no escuro.

Pouco mais de 1 hora e meia depois Ulysses acordava com uma dor de cabeça infernal e reclamando da quantidade excessiva de branco. Primeiro achou que havia morrido e ido para o inferno, mas ao analisar melhor o quarto e ver Thiago, Pam e Eliza com o Médico viu que era bem pior:
- O quê aconteceu aqui?!

- Você passou mal... Muito mal - Thiago respondeu cansado.

- Como a gente chegou aqui?! - Ulysses imagimava o pior: Adeus Penélope.

- Eu te trouxena Penélope. Inclusive acho que ela vai precisar ver o mecânico.

- Merda - Ele voltou a fechar os olhos.

- Bom, você precisa de um copo de água ou alguma coisa? - O Médico perguntou.

- Não, valeu... O quê houve comigo.

- Bom, o seu amigo disse que você vomitou sangue e desmaiou - Ulysses realmente não se lembrava. Sua última lembrança foi sentir algo passar queimando sua garganta e então desmaiou - Mas analisando seus examos, você não teve uma hemorragia, então provavelmente não era apenas sangue como também outros fluídos. O que explica o por quê virou uma "poça" tão rápido.

- E o quê eu tive?!

- Não é o quê você teve, mas o quê você tem: Você possui todos os resquisitos para ter aids ou coisa pior.

- Merda - Ulysses, Thiago e Pam disseram juntos, fazendo Eliza bufare sair da sala.

- Bom, foi meu primeiro palpite, mas não era isso - Ele respondeu - Mas seus órgãos estão bem debilitados. Todos.

- Como assim?!

- É como se eles estivessem funcionando com 15 % fe bateria com a economia de energia ativada - Eles explicou de um jeito que eles entenderam no mesmo instante - Você está se desgastando demais e o seu corpo não consegue mais acompanhar seu cérebro.

- ...

- Como é sua alimentação?!

- É... Boa?!

- Pizza e Brigadeiro toda semana - Pam respondeu.

- Pam! - Ulysses virou para garota irritada.

- Olha, você tá morrendo, então preciso que me responda seriamente, okay? - O Médico perguntou sério.

- ... Okay.

- Você faz algum exercício físico?

- Eu saio para caminhar, pelo menos uma vez por semana.

- Quantas horas você dorme por dia?

- ...eu... - E aí estava a pergunta de 1 milhão de dólares - Eu não durmo as vezes.

- Você sofre de insônia?

- Quase sempre, só que ultimamente elas tão vindo mais fortes.

- Passou por alguns estressa ultimamente.

- ...não - Ulysses evitou olhar para Thiago, mas não teve jeito. O amigo entendeu na hora o quê ele estava fazendo.

- Foi por minha causa - Thiago disse.

- Claro que não, Thiago.

- Não foi uma pergunta - Thiago disse fazendo Ulysses se calar.

- Olha, como eu disse, seus órgãos não estão suportando mais seu corpo. Se você não tratar-se, eles vão simplesmente morrer e consequentemente você também. Eu vou recomendar que você faça terapia e tome DIARIAMENTE esse remédio - Ele escreveu no papel e entregou para Ulysses - Se quiser continuar vivendo.

O médico liberou Ulysses, mas eles demorou para sair da cama ficando alguns minutos a sós com Thiago:
- Por quê você não me contou? - Thiago sentou ao lado do garoto enquanto ele trocava de roupas.

- Eu não achei que fosse... Sério - Ulysses respirou fundo - Você já tava com seus problemas e...

- E meus problemas acabaram com você. Eu fiz isso, eu to acabando contigo e...

- Thiago para com isso - Ulysses segurou a mão do garoto - Se eu tiver que listar as pessoaa que me machucam, você NUNCA, em nenhum universo, vai estar nesta lista. Você literalmente so me ajudou até hoje. E eu te amo. Nunca mais fala isso, okay?! A gente vai dar um jeito nisso.

Do lado de fora, Pam havia ido atrás de Eliza que saiu no meio da consulta.
- Ele tá bem? - Eliza perguntou sem olhar para Pam.

- Vai ficar.

- Que bom.

- O quê aconteceu lá dentro...

- Percebe que se fosse alguma dst nós estaríamos na mesma situação né?!

- Mas não foi.

- Mas a gente poderia, Pam e tudo por quê você não se contenta com uma única pessoa.

-... O quê?! - Pam não acreditava no que estava ouvindo.

- Não se finja de desentendida agora.

- Não, não, eu entendi muito bem - Pam disse - Que dizer que enquanto eu me relacionava com você, era assim que você me via, como a vadia que não se contenta com ninguém né?!

- Não foi isso que...

- Sabe de uma coisa, Eliza?! Eu não sabia se esse término realmente era importante, talvez servisse para a gente evoluir, mas agora eu entendi que ele serviu justamente para eu ver com quem eu estava me relacionando.

- Eliza...

- Uma garota machista possessiva que usa suas inseguranças como desculpas para seus defeitos.

- VAI SE FUDER, PAM!

Quando a discussão finalmente explodiu, uma ambulância as interrompeu com vários médicos descendo e passando entre elas com um cara na maca todo ensanguentado. Primeiro elas se afastaram e deram um tempo na discussão para deixa-los passar, mas ao ver Bruno 1 acompanhando ps médicos com um corte cabeça, elas não puderam voltar a discutir:
- Bruno?! - Pam foi atrás do amigo.

- Pam - Ele abraçou a amiga em prantos.

- O quê aconteceu?!

- A gente tava no quarto curtindo e bebendo - Bruno 1 dizia em lágrimas - Tava tudo de boa - Quando fomos sair pra comprae bebida.

- O quê houve?! - Thiago e Ulysses se aproximaram com o movimento.

- Quando a gente voltou eles tavam na porta do hotel. Eram uns 5, Pam - Ele sentou no chão sem perspectiva - Bateram tanto nele e eu não consegui fazer nada. Nada. Me derrubaram só com um soco.

- Meu Deus, Bruno.

- Bruno tentou fazer alguma coisa, tentou de verdade. Mas eram 5 contra 1 - Nesse ponto da história Bruno 1 só murmurava - E então eles puxaram as garrafas e... Aconteceu.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

#QuaseLá|Capítulo03

Hello, Bitches❤

Bruno 1 já acordava esperto e com um sorriso no rosto. Ele amava dormir, mas naquele dia específico ele amou acordar cedo para preparar o café de Bruno 2. Pão integral, queijo suíço e o café bem forte. Naquele dia valia a pena, pois, era o dia de seu casamento. Então ele ficou lá, parado com o café na mão, olhando o noivo e futuro marido nu na cama. Passou seus olhares por todo o corpo desnudo. Do pé 42. passando por sua costa cheia de sardas, até o cabelo recém cortado. Ele não conseguia entender como teve a sorte de encontrar alguém assim, há 15 anos. Seu 1° beijo, seu 1° namorado, sua 1° vez. Seu único e verdadeiro amor.

Mapeei a dedo tuas sardas
Contornei sem jeito tuas linhas
Que te entregam e desvendam o melhor em mim

Me perdi no céu das suas pintas
Me encontrei no céu da tua boca
Tu é labirinto, rua sem saída
Me rendi a tua alma nua, vem cá

Bruno 1 acordou seu amado com um beijo no rosto, que rapidamente despertou com o sorriso e o cheiro gostoso de café. Bruno 1, sentou ao seu lado e cantaralou como se sua vida fosse um musical. Naquele dia, seria:

Congela o teu olhar no meu
Esconde que já percebeu
Que todo meu amor é teu amor
Então vem cá

Que nós, até Caio escreveu
Parece que nos conheceu
Em mel e girassóis te peço, só te peço
Fica
Fica, me queira e queira ficar
Fica
Fica, me queira, queira

Bruno 2 se levantou da cama, ainda pelado e puxou o corpo de seu noivo junto ao seu, o deixando excitado e ao mesmo tempo sem graça, não de vergonha, mas de felicidade. Eles se conheciam, sabiam exatamente como despertar cada sentimento. Ele encostou os lábios na boca do outro e depois os levou a orelha

Eu te amo tanto, tanto, tanto, tanto, tanto
Eu te amo tanto, tanto, tanto, tanto, tanto
Tanto que faz doer no coração
É como o sol da solidão queimando

Assim te amo tanto, tanto, tanto, tanto
É que eu te amo tanto, tanto, tanto, tanto
Tanto que faz doer no coração
O amor não tem explicação
Te amo

Bruno 1 então tirou sua roupa para se igualar ao amado. O café podia esperar mais um pouco.
Do outro lado da cidade, no apartamento das Meninas, Ulysses já havia preparado o café, afinal, na cabeça dele, era uma forma de agradecer. Para Eliza, ele estava tentando evenena-la.
- Não precisava - Pam dizia sem graça.
- Não mesmo - Eliza dava um gole no café e cuspia de volta percebendo que estava sem açúcar.
- Claro que precisava, hoje é o casamento do Bruno - Ulysses disse - É pra tá todo mundo esperto.
- Se ninguém morrer até lá - Eliza sussurrou para namorada enquanto ambas percebiam que das 10 torradas, não tinha uma única que não estava queimada. 
Pam ria baixo para o amigo não ouvir. Elas não iam conseguir comer aquilo, então enquanto Ulysses estava no banho, elas jogaram tudo no lixo e preparam tudo de novo. À tempo do garoto sair e estranhar a mesa nova.
- Cadê meu café?!
- Pois é né, acabou - Pam disse - Então a gente fez mais.
- .... - Ulysses as encarou por alguns segundos - Então tá.
E depois foi para o quarto se vestir. As duas voltaram a rir e finalmente começaram a comer.
E no apartamento 3A, Thiago acordava sozinho na cama de Ulysses, já que a sua ainda estava sendo ocupada pela sua mãe. Se espreguiçou para poder conseguir se levantar e ficou alguns minutos encarando as fotos no mural do amigo. Eles pareciam tão felizes ns fotos do ensino médio. Mal dava para acreditar que faziam 5 anos desde o terceirão.
- Thiago, o café tá na mesa - Sua mãe gritava da cozinha.
A única coisa boa daquela situação era que a comida de sua mãe realmente era bem melhor que a do seu amigo. Assim, ele não se preocupava em nenhum momento com as refeições. 
Enquanto ele tomava seu café puro, percebeu que o terno que ele havia deixado no sofá não tava mais lá.
- Mãe... Cadê meu terno?!
- Botei pra lavar, óbvio, tava todo amarelado.
- É O MEU TERNO. ELE É AMARELO. - Ele gritou indignado.
- Que ridículo, nunca te vi usando amarelo.
- Por que a senhora só me dava roupa azul, preto e verde - Thiago respirou fundo - E por que a senhora lavou?! A gente só lava roupa no início no mês.
- Isso é porquisse.
- Não, isso é não desperdiçar água. Meu Deus. - Thiago se levantou irritado.
- Não use o nome de Deus em vão - Ela se levantou.
- NÃO ME ESTRESSA EM VÃO, ENTÃO.

Engulo os sapos
Eu finjo estar com fome
A culpa sempre minha
Sou eu que exagero


Mesmo querendo me soltar
O mundo vai negar, dizendo que eu sou a bruxa
Sei que não é faz de conta
Fogueira tá no sangue


Eu como a torta de maçã
Pra não fazer desfeita
Garfos pro lado e eu me finjo satisfeita
Aprendi bem cedo a ser uma linda princesa
Na mesa, cumprindo ordens de etiqueta



Tanto veneno que a gente deixa ecoar por dentro
Vem destrói, e segue o vento


Thiago pegou sua chave e saiu, descendo as escadas rápido para ter certeza que a mãe não iria atrás. Mas ao perceber que ainda estava de pijama, teve que voltar, a encontrando sentada no sofá de pernas cruzadas.
- Posso saber aonde você vai?!
- Não, não pode - Ele passou direto pro seu quarto.
- Você por acaso vai no casamento daqueles viados?! - Ela foi atrás deles.
- Aqueles viados tem nomes e esses viados por acaso também são meus amigos, então se a senhora quiser falar merda, faz um favor pro mundo e CALA A BOCA - Ele dizia enquanto botava uma calça jeans e uma camisa por cima do pijama.
- Você não...
- Não, eu não vou tomar. Por que eu não quero. Por que eu não to afim. Por que a senhora NÃO MANDA EM MIM - E saiu mais uma vez.
Eliza já estava pronta, de calça social e uma sapatilha preta. Uma camisa branca e o cabelo vermelho preso no alto. A pele continha a maquiagem mais discreta do mundo que contraponha com a maquiagem de Pam que parecia mergulhada no glitter. Usava um macacão vermelho que combinava com seu batom. E o cabelo levemente enrolado com rosas de enfeite. Ulysses também já estava de camisa branca e terno preto. Os 3 já estavam prontos. Ou quase isso.
- Não vai fazer nem contorno?! - Pam dizia já pegando sua maleta de maquiagem.
- Ah, o contorno já uma coisa muito complexa pra mim. Me deixa só de base e pó mesmo - Ele ria tentando sair.
Mas não adiantou, pois Pam o agarrou pelo blazer e o jogou no sofá indo para cima dele com o pincel. Ambos riam da situação com seus rostos proximos um do outro. Deixando Eliza com um blush natural de sangue subindo para sua cabeça; Quando a campainha tocou, fazendo ela murmurar um "graças a Deus" irritada que fez Pam e Ulysses se olharem com medo de morrer.
- Thiago?!
- Oi, posso usar o banheiro de vocês?! - Ele entrou com um terno novo na mão.
- Por favor, diz que tu não esqueceu de pagar a água - Ulysses se aproximou conhecendo a memória do amigo.
- Não, eu só não queria encontrar a mamãe antes do casamento.
- Aaaah...
Ambos ficaram se olhando por alguns minutos. Era por esse sentimento de não querer lidar com a Mãe de Thiago que Ulysses saiu e foi por esse mesmo sentimento que Thiago agora estava ali.
- Pode usar - Eliza dizia enquanto Thiago passava direto para o banheiro. 
Pam e Ulysses trocavam olhares enquanto escutavam Thiago se arrumando. Era palpável a tensão no ar. Eliza via os dois conversando por olhares e tentava entender o porquê daquilo. Sabia que a amizade deles cresciam juntamente com seu relacionamento, afinal, ambos se aproximaram da Pam exatamente no mesmo segundo, mas ainda assim, era impossível não se incomodar. Se Thiago não tivesse surgido naquele instante com o terno azul claro, Eliza teria que aguentar aqueles sentimentos por mais alguns segundos.
Os 4 desceram para pegar o táxi e foram ao casamento sem falar muito. Pam estava no celular, entre Ulysses que evitava olhar para Thiago no banco de frente e Eliza que olhava por cima do ombro tentando saber com quem Pam falava. Era um dos investidores que Bruno 1, Bruno 2 e Pam esperavam a respostas.
- Eles aceitaram - Pam disse chocado.
- Quê?! - Ulysses virou confuso.
- Os Investidores aceitaram patrocinar nossas pesquisas - Pam dizia tentando não borrar sua maquiagem com lágrimas - Os meninos e eu vamos trabalhar juntos em solo africano.
- Meu Deus, Pam - Ulysses a abraçou chocado junto com a amiga.
- Você escutou, Eliza?! - Pam se virou para Eliza.
- Escutei.
Eliza não sabia o quê falar. Por um lado estava feliz que os projetos da namorada finalmente iam para frente. Por outro, ela sabia que agora não ia ser só 5 dias que ficariam afastadas. Mas antes que ela pudesse pensar em falar alguma coisa, o táxi chegou.
Eles desceram naquele local mágico. Era tudo lindo. Um castelo de pedras em frente a uma praia. Parecia um conto de fadas.
- Como eles decidiram isso mesmo?! - Pam perguntava ainda encantada com o local.
- Bruno 1 queria casar em um castelo e Bruno 2 na praia - Ulysses suspirou - Acertaram em cheio.
Pam e Eliza saíram para encontrar os noivos, afinal, eram as madrinhas. Assim, os Padrinhos, Thiago e Ulysses tiveram que ficar juntos para esperar a vez deles. Ulysses evitava a todo custo falar com Thiago, afinal, ele não queria ser o chato do "eu te disse".
- Eu gostei do seu terno novo - Ele virou para Thiago meio sem graça.
- Ela não mudou - Thiago suspirou - Não mudou nada.
- Quê?! 
- Eu achei que ela tava aprendendo, sei lá - Thiago se concentrava para não desabar. Ele estava fazendo muito isso desde que sua mãe voltou - Mas é a mesma coisa de sempre, as mesma regras, as mesmas críticas.

Ai, ai, ai, como eu me iludo
Dessa vez eu viajei
Meu Deus confundi tudo
Nossa como eu vacilei

Porque eu já fiz isso milhares de vezes
Como é que eu nunca aprendi
A não ter pena dela tão rápido assim

Eu pensei que ia mudar
E que estava bem claro
Depois dos erros e erros da ultima vez

Mas quando vejo me pego fazendo até planos
De te apresentar pro meus pais
To vendo filme demais

- Desculpa tá jogando isso em cima de você agora, eu sei que você foi o quê mais sofreu com isso e... - Thiago começava a dizer tão rápido que chegava a soluçar.
- Não, Thiago, eu... - Ulysses tentava falar com o garoto, mas na hora, Pam voltou correndo, o atrapalhando.
- Ulysses, a gente precisa de você agora no camarim do Bruno 1!
Pam o agarrou pelo braço, o levando para longe de Thiago, que acabou ficando para trás sem saber o quê o amigo diria.  Ulysses primeiro ficou irritado ao ser levado assim, mas ao encontrar Bruno 1 com o cabelo todo picotado e hiperventilando, entendeu a gravida da situação:
- O quê aconteceu aqui?
- Eu não sei, okay, eu não fiz nada - Pam disse desesperada.
- "Nem acredito que você tá casando com seu 1° amor, parece coisa de filme. Ficar com a 1° pessoa que tu beijou. Eu não conseguiria casar com alguém sabendo que nunca nem experimentei outra coisa" - Eliza disse imitando a voz da namorada - Foi o discurso que a lesa fez pra ele.
- PAM! - Ulysses virou para a garota.
- Foi sei querer.
- Tá, tá - Ele respirou - Mas e o cabelo?! O quê aconteceu?!
- O Bruno cortou o cabelo ontem pro casamento, ele tava tão bonito, Ulysses - Bruno dizia sacudindo o amigo nos braços - Então eu comecei a ficar neurado, eu não tinha feito nada de diferente, então eu tava aqui, de boa e achei essa tesoura naquele gaveta ali - Bruno puxou uma tesoura que estava na penteadeira do seu "camarim" - Ficou muito ruim?!
- ... - Ulysses, Pam e Eliza se olharam e responderam em coro - Imagina.
- Ai, eu to horrível - Bruno caiu no chão em choro.
- Tá, legal, meninas, eu preciso que vocês achem uma máquina de cortar cabelo AGORA - Ulysses abriu a porta expulsando as meninas.
Assim que elas saíram, ele trancou a porta ficando a sós com o amigo. Sabia que o cabelo era o quê menos preocupava o garoto. Sentou ao seu lado, no chão e olhou no fundo do seus olhos:
- O quê realmente aconteceu?! 
- Como assim?! - Bruno virou para ele confuso.
- Você passou 15 anos com ele. Sonhando com esse momento. E com o atual presidente não é um sonho muito simples - Ulysses soltou uma risada nervosa - O quê aconteceu agora pra te deixar tão nervoso assim?!
- Os investidores aceitaram nosso projeto - Bruno disse - E É ótimo.
- Então...?!
- Eu tenho o emprego dos sonhos, minha família me apoia em tudo e eu vou casar com meu primeiro amor - Bruno respirou fundo - Tudo ficou muito perfeito muito rápido.
- E você acha que não tem mais nada para viver.
- Como você...?!
- Era esse pensamento que eu tinha - Ulysses ria - Eu achava que assim que arranjasse um emprego e uma casa própria, não  precisar de mais nada. Minha vida já estaria perfeita.
- E não tá?!
- Bruno, nós somos lgbt em um país homofobico com um presidente que faz um discurso sobre como agressão muda comportamento - Ulysses disse sério - Pessoas assim só deixam os homofobicos com mais certeza de que estão certo.
- ...
- Sua vida nunca vai tá perfeita. E uma parte sua vai sempre tá querendo mudar. E não tem problema nisso. - Ulysses respirou fundo - Mas tudo vai ficar bem.
- Obrigado.
- E sobre vocês nunca terem ficado com outras pessoas, já que falei que eu to aqui, pra dar apoio em tudo...
- Não vai rolar .
- Imaginei.
Logo, estavam rindo de novo e se abraçando. A crise pré casamento de Bruno 1 havia passado e assim que as meninas voltaram com a máquina, ele aderiu um corte de cabelo bem baixinho. Quase um heterotop.
Mas quando Eliza e Pam finalmente tiveram um minuto de paz, só durou 1 minuto mesmo:
- Lembra que a gente prometeu ser sempre sincera?! - Pam virou para a garota.
- Lembro - Eliza respondeu confusa.
- Então porquê você diz que tá feliz, quando não tá?! - Pam perguntou, deixando a namorada sem reação.
- ... Mas eu to.
- Não, eu falei sobre os investidores toda empolgada e você simplesmente ignorou - Pam disse decepcionada - Eu não entendi nada, você foi a 1° a apoiar, e agora...
- Mas eu não achei que fosse mesmo conseguir - Eliza disse sem pensar direito nas palavras que usou.
- Uou - Pam estava em choque.
- Não, quer dizer... Eu...

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo à minha frente
Nada que me dê prazer
Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer

Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer

- Por que você nunca me falou essas coisas?!
- Eu não queria te encher com meus problemas.
- Parece que eu não te conheço, Eliza, eu to apaixonada só por quem você quer que eu conheça. 
- Eu não queria acreditar que você ia conseguir patrocínio tão rápido, por que eu não me imagino longe de Você

Eu gosto tanto dela, a ponto de querer tá perto, pronto
Não tem outro jeito de me ver sorrir
É louco o efeito dela aqui

- Mas não pode ser assim - Pam suspirou - Eu não sou uma parte sua. Eu sou só eu e você é só você. Somos duas pessoas complestas e pronto.
- Mas eu te amo.

Se ela disser que crê e bota fé
Na minha ideia não precisamos mais discutir
Nem meter o pé
Pelas mãos, oh mulher
Nenhuma plateia será capaz de destruir

Eu to fazendo o que posso
Pensando em um futuro próximo, o nosso
Eu e você
Você minha dama, eu vagabundo
Daria todo o mundo
E um pouco mais de outro só pra te ver

Se é sonho não vou acordar
Ela é minha onda do mar
E a gente canta, dança, então
Chega pra cá
Esperança eternizar
O seu sorriso brilhar
É com você que eu quero estar

- Eu também te amo.... Mas não sei se consigo viver sabendo que sua vida toda gira em torno de mim. E se um dia a gente acabar?!
- Você pensa nisso?! - Eliza parecia assutada com essa probabilidade.
- Eu... Preciso pensar.
Pam saiu em choque. Eliza ficou em choque. Era uma conversa que era necessária, mas que depois que rolou, elas entenderam o porquê evitaram por tanto tempo. Não sabiam mais como ia ser aquela relação dali pra frente. 
No camarim de Bruno 2, ele não conseguia parar quieto. Andava de um lado pro outro frente ao espelho, roendo as unhas, quando escutou o barulho da porta e seu amor entrando.
- Bruno?! O quê você tá fazendo aqui?! A gente não pode se ver - Bruno 2 tentou se esconder atrás da tapadeira. Mas Bruno 1 já havia visto o terno 100% branco.
- Uau... Você tá lindo.
- Você também - Bruno 1 também estava com im terno semelhante, mas estava de cabelo novo - Gostei do corte.
- Obrigado - Ele sorriu nervoso.
- O quê você tá fazendo aqui?!
- Eu pensei em desistir do casamento.
- O quê?! - Bruno 2 quase desmaiou com o susto.
- A pressão eu acho - Ele riu nervoso - Mas aí eu percebi que não importa o quê aconteça, eu NUNCA vou deixar de te amar.
- Nem eu - Bruno 2 se aproximou do namorado - Eu te amo hoje amanhã e sempre.

Gosto de ser imaturo com você
Gosto de me entregar e me perder
Quero poder implicar com todas suas maneiras

Fumando qualquer coisa pra me entreter
Me arrisco nessa vida só pra ver você
Toda a nossa juventude corre pelas veias

É que eu sou fraco, frágil
Estúpido pra falar de amor
Mas se for com você, eu vou, eu vou

E então eles deram seu último beijo como noivos e minutos mais tarde subiam ao altar. As pessoas mais importantes de suas vidas estavam nas cadeiras. E no altar junto com eles, seus melhores amigos. Tudo estava perfeito. E ali se declararam casados.

Vem pra perto de mim
Já cansei de esperar
Você nem vai acreditar
Quando vir a nossa casa pronta

As flores na sala de estar
E os detalhes que você gosta
Eu fiz um quarto pra você
Decorei até a sua porta

Você que vai, você que vem
Você que quer e tem
Quiçá virá, será se pá
Quer ver onde vai dar

Se sim disser, se a mim quiser
Já viu, já é, já deu
E eu vou torcer pra ser você e eu

Na hora da festa eles estavam se divertindo novamento. Era como se tudo continuasse a mesma coisa e ao mesmo tempo tudo havia mudado.
Ulysses se afastou da festa, procurava Thiago que também havia sumido e não ficou tão surpreso ao encontra-lo na areia. Sentou-se do seu lado e não falou nada, apenas apertou sua mão e colocou a cabeça em seu ombro. Thiago virou seu rosto na direção de Ulysses.

Quando o mundo ao meu redor
Para e deixa de existir
Parece desaparecer
Eu vejo você surgir

A vida vem me dá um nó
E por inteiro me desfaço
Desfila rindo sem dó
Me refazendo a cada passo

Quando eu te vi passar
Você não quis olhar
Eu vi que disfarçou
E me deixou sem ar

Ulysses se levantou, trazendo Thiago para mais perto. De mãos dadas, voltaram para festa com Ulysses o guiando.

Roubei um cigarro
E um vinho barato
Você me ensina a fumar?

Se tua mãe te chama
Eu tô embaixo da cama
Rindo sem pensar

Se a timidez por fim fechar meus olhos
Pra tentar dizer o quanto eu quero
E qual santo vai ousar, ah
Nos dizer o que é pecar, amor?

Me olha assim de canto e pede
Dança, dança, dança, dança, dança pra mim

E as horas foram passando e Bruno 1 e Bruno 2 arranjaram um jeito de fugir logo para lua de mel. Não aguentavam mais ficar 1 segundo longes um do outro. Suas roupas jogadas foram enfeitando a sala. Beijos trocados e mãos bobas soltavam gemidos pela casa. Deliravam de prazer. A noite foi a mais doce. Digna do nome.
Mas enquanto aquele casal comemorava o casamento, Eliza chegava em casa tarde e sozinha., não havia encontrado Pam em lugar nenhum. E ao chegar em casa e ver sua namorada sentada no sofá sozinha, entendeu o porquê.

Teu olho despencou de mim
Não reconheço a tua voz
Não sei mais te chamar de amor
Não ouvirão falar de nós

A gente se esqueceu, amor
Certeza não existe não
E a pressa que você deixou
Não vem em minha direção

Parece que o tempo todo
A gente nem percebeu
Que aqui não dava pé não
Que tua amarra no meu peito não se deu
Te vi escapar das minhas mãos

Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto não
Eu te busquei, mas
Não vi teu rosto
Não

E enquanto Eliza e Pam tinham a discussão de suas vidas, Thiago e Ulysses voltavam para casa em grande estilo. Rindo juntos, um ajudava o outro a não fazer muito barulho ao mesmo tempo que eles trombavam em todos os móveis que vinham pela frente. 

Agora que estou (vou)
Tendo que me esconder
Tua mãe quer me matar e teu pai me prender
Eu tenho aquele estilo que te deixa preocupada
Bolada, desleixado na bike invocada

Mas não venha me dizer o que é melhor pra mim
A vida vai mostrando, sempre foi assim
Da escola fugi, na rua formei
Pronto pra te fazer com a malícia que eu herdei

O que ela quer, que eu deixe tua filha em paz
E o que ela quer, que você não me procure mais
Eu não tenho classe, eu não sou ninguém
Eu não tenho herança que te convém
Mas eu sou quem te faz tão bem

Diz que eu vou te perverter e já mandou me deter
Ela sonha que você é uma ingênua criança
Mas eu te deixei esperta, atirada e mente aberta
Junta tua mesada e vem pagar minha fiança

Porque eu não sou o modelinho que você sonhou
Nem sei dirigir, eu nunca fui doutor
Diploma nem vi, status nem tem
Na febre de vencer e provar quem é quem

O que ela quer, que eu deixe tua filha em paz
E o que ela quer, que você não me procure mais
Eu não tenho classe, eu não sou ninguém
Eu não tenho herança que te convém
Mas eu sou quem te faz tão bem

E o teu erro foi ter proibido
De mero plebeu pra ela
Eu me tornei um vício
E o teu erro foi ter proibido
Escondido é bem melhor
Perigoso é divertido

Não vou desistir de ter você, não vou
Faço o que eu puder fazer, se quer se perder é só me achar
Eu tenho a fórmula pra te relaxar

Eu não vou desistir de ter você
Não vou, faço o que eu puder fazer
Agora vou descontrolar, vou perder a linha
E o paraíso proibido te aplicar

Se trancavam no quarto de Ulysses, ignorando completamente quem iria ouvir o quê quer que eles fossem fazer, naquela noite, iam ser só os dois. Ulysses ficou escorado na porta enquanto Thiago se aproximava. Tudo estava perfeito de novo. Thiago fechou os olhos e aproximou seus lábios, mas tudo que sentiu foi o impulso das mãos de Ulysses o empurrando para longe. Abriu os olhos assustado e tudo o quê encontrou foi Ulysses caindo no chão vomitando sangue e ficando mais branco que neve. 
Tudo que ele conseguiu fazer foi gritar por ajuda.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

#QuaseLá|Capítulo02

Hello, Bitches❤

A noite para Thiago não havia sido muito boa, depois da saída repentina de Ulysses, o garoto passou horas de cara feia para mãe. Se ela não ia admiter a culpa, ele nem ia perder tempo falando com ela. E foi exatamente o quê ele fez: Passou o resto do dia a ignorando.

Já do outro lado do corredor, no apartamento de Eliza, a noite foi ótima, não tanto para o garoto, que mesmo na hora do sexo não parava de lembrar da Mãe do amigo sendo irritante como sempre (O quê o fazia se desconcentrar muitas vezes. Afinal, a mãe de Thiago não era exatamente a imagem que alguém iria gostar de ter na hora do sexo), mas para a garota, que não pensava em nada, a noite foi perfeita.

Contudo, de manhã cedo ela acordava com as teclas incessantes ao fundo. Ela olhou com seus olhos escuros ainda meio embaçados e ao procurar quem estava tirando seu sono, era o amigo de cueca mexendo no notebook na beira da cama, e não estava tirando o sono de um jeito bom.

- Por favor, diz que tu dormiu - Ela nem se importou em se levantar ou virar seu rosto pra ele.

- Eu tava sem sono - Ele respondeu sem tirar os olhos do aparelho.

- Você chegou chateado ontem e nem por isso...

- Ai, é que o Thiago não faz nada pra "segurar" ela - Ele bufou.

- Você quer que ele faça o quê?!

- "Essa é a minha casa, o Ulysses é a minha família, então se controle da mesma forma que eu passei anos me controlando naquele inferno que a senhora chama de casa" - Ulysses disse batendo o notebook.

- Meu querido - Pam se levantou arrancando o eletrônico da mão dele - Só pra lembrar que isso foi caro, okay?!

- Foi mal.

- Então, Thiago e a Mãe - Ela disse - O problema então não é ela, é ele não se posiciona...

- Como assim?!

- Você tá claramente mais puto por que o Thiago tá tendo que engolir ela do quê você tendo que engolir ela.

- ...eu...

Antes que ele pudesse responder, ambos foram interrompidos pelo celular que vibrava em baixo da cama de Pam. Como ele havia parado lá?! Vai saber. Mas ela teve que se esticar pra alcançar, já que não chegava nem nos 1,60 de altura. Era Eliza, sua namorada. Pam rapidamente arrumou seu longo cabelo preto e limpou seu olho. Thiago via a garota puxar a camisa para deixar seu peito maior e ria. Ele achava engraçado ver a amiga se esforçando para não parecer que havia acabado de acordar, pois se fosse ele fazendo isso, provavelmente iria levar uma bronca da própria sobre se arrumar muito.

- Oi, amor - Pam dizia enquanto atendia a vídeo chamada da namorada.

- Bom dia, Pam... E Ulysses - Eliza disse meio decepcionado ao ver o garoto ali com cara de sono.

- ... - Ele só deu um "tchauzinho" com a mão antes de se levantar e ir pro banheiro.

- Que surpresa - Eliza dizia em tom irônico ao ver o amigo só de cueca saindo da câmera.

- E aí, como tá a facul essa semana ?! - Pam perguntou toda boba. Tinha a inocência de uma garota padrão tumblr que via o mundo como uma grade do pinterest.

- Uma merda como sempre - Eliza bufou - Só passei pra desejar bom dia mesmo, hoje o dia vai ser cheio de eletrotermofototerapia e TODOS os professores são uns cu.

- Quer uma "ajudinha"? - Pam lançou aquele olhar maligno que seus amigos conheciam muito bem.

- Não, você não vai fazer nada - Eliza rapidamente reapreendou a namorada - Tenho que ir agora. Tchau.

- Tchau, amor.

- Fica bem - Eliza mandou um beijo e desligou.

- Você também...

Pam beijou a tela do celular igual uma boba, mas quando se deitou de olhor fechados apertando ele entre as mãos de tanta saudade, Ulysses surgiu na porta com roupa de um professor de educação física gótico:

- Eu to indo caminhar - Ele disse já indo para porta.

- Ei, que isso, vai nem tomar café? - Pam se levantou rápido.

- Eu tomo na esquina - Ele foi saindo.

- Ulysses, você não dormiu nada, tem certeza que não vai te fazer mal correr agora?! - Ela perguntou preocupado.

- Claro que não, eu to bem. Correndo agora, eu fico cansado e durmo bem de noite - Ele disse com toda a convicção do mundo. Na cabeça dele fazia todo sentido.

- Okay...

Ela viu ele saindo pela porta já colocando o fone de ouvido. O quê ela podia fazer? Puxar ele pela mão, botar sentado no sofá e falar "Não,nao, não. Tá proibido"?! Ele já tinha problemas suficientes com a mãe.

Em Castanhal, Eliza já estava "assistindo" a aula e pensando:

"Mas de novo com o Ulysses?! Será que se ela tivesse ficado com o resto do prédio e não com ele eu ia ligar menos?! Prefiro não arriscar." ela refletia enquanto as aulas passavam e passavam "Não sei por que esse estresse todo, as mesmas regras aplicadas pra ela, são aplicadas pra mim. Eu podia muito bem sair por aí pegando todo mundo também" e olhou ao redor da sala vendo todos extremamente concentrados "Se não fossem tão chatos. Argh!"

A semana foi passando e a sexta feira foi chegando. Eliza sempre voltava na sexta de tarde, então antes de ir ela passava pela vagabundagem, o porão da aula aonde todo dia rolava festa para os alunos que não estavam estudando. Era lógico que rolava muita droga também e era aí que Eliza se soltava. Nunca chegou a usar nada pesada, ela nem chegava a fumar mais de 1 beck por festa, afinal, não queria viajar chapada, né?!

- Vai ter que ir hoje mesmo, Eliza?! - Débs, uma garota de traços indígenas da turma de artes que Eliza acabou conhecendo sempre tentava ficar com ela.

- Vou - Mas não quer dizer que Eliza queria - Saudades do mozão

- Imagino - Débs ria sem graça - Ela é uma mulher de sorte.

- É, eu também - Eliza dizia.

Lá, vendo Débs dançar, se jogando na frente dela, Eliza pensou seriamente "Por que não?! Eu posso. Eu simplesmente posso ficar com ela. Se a Pam fica com outras pessoas eu também poderia ficar. E eu posso. Eu só... Não quero."

Eliza respirou fundo antes de ir embora daquela festa. Já devia estar em casa.

Em Belém, Ulysses chegava do trabalho cansado. O cheiro de pizza estava grudado em uma de suas camisas favoritas. Uma preta com a caveira de Daphne Blake. Mas tudo bem, pelo menos dessa vez ele havia ganhado uma pizza. Final do mês era assim, o material vai acabando e a pizzaria vai deixando os funcionários levarem as pizzas que seriam descartadas. Essa era de calabresa. Ele parou em frente a porta de Pam mas olhou pra trás. Sorriu com saudades e resolveu entrar na sua casa.

- Thiago?! - Ulysses entrou com cuidado.

- Ulysses?! - Thiago se levantou.

- Eu ganhei pizza.

- É, eu to vendo...

- Pode ficar... - Ulysses deixou a pizza em cima da mesa pro amigo.

- E por que você não fica também?!

- Eu quero... De verdade.

- Então, fica - Thiago se aproximou com esperanças.

- Não posso.

- Por quê?!

- Desde que eu saí, você brigou quantas vezes com a sua mãe?!

- Nenhuma - Thiago respondeu rindo, até se tocar da pergunta - Ulysses...

- Vocês precisam disso, de verdade. Mas qualquer coisa, eu to literalmente do outro lado do corredor. - Ulysses se aproximou abraçando forte o amigo.

- Obrigado - Agradeceu triste.

Do quarto de Thiago, sua Mãe ouvia tudo sentada na cama, com uma expressão séria no rosto. E enquanto, Ulysses voltava mais leve para casa de Pam, ele se deparou com a amiga dando uns pegas com a namorada no sofá.

- Iiih, caramba, olha que coisa, né - Ulysses desviou o olhar para a lâmpada. Era uma lâmpada bonita - Vocês querem que eu vá pro quarto, ou vocês preferem ir e me deixarem aqui na sala?!

- Eu achei que tu já tinha ido - Eliza saiu de cima de Pam.

- Na verdade, ele vai ficar aqui por um tempo - Pam explicava para a namorada.

Eliza ficou de quixo caído. Olhou para sua namorada e em seguida para Ulysses e sua única reação foi se levantar e ir pro quarto.

- Isso significa que eu fico na sala?!

- Não, no quarto de hóspedes - Pam deu o travesseiro para ele.

- Eliza ficou puta né?! 

- Sua amiga a 15 anos, ela não vai te expulsar.

- Tomara que não me mate enquanto eu durmo também - Ulysses ria fazendo Pam rir, mas pouco.

- Eu amo a Eliza, mas às vezes parece que ela... Sei lá.

"Quando a gente começou a namorar, fizemos a promessa de sempre contar tudo uma para outra. De sermos um casal 100% aberto. Mas parece que enquanto eu falo literalmente tudo, Eliza só fala o quê ela quer, e o resto é 'SURPRESA: descubra sozinha' e eu entendo que as vezes ela não quer me preocupar com seus problemas. Mas se eu não puder estar com ela nos bons e maus momentos. Por que estamos juntas?!" Pam terminou de falar não apenas para Ulysses mas também para si própria, antes de se deitar ao lado de sua namorada. Dessa vez sem um beijo de boa noite.

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

#QuaseLá|Capítulo01

Hello, Bitches❤

Ulysses batia incansavelmente o lápis na caderneta em sua mão. Seus olhos iam do relógio em seu pulso ao relógio no centro da Pizzaria. Balançando seu corpo pra frente pra trás ele contava os segundos para seu horário de saído. Foi quando entrou uma família de seis pessoas, que com certeza dariam uma bela gojeta, mas também um belo trabalho, então ele não pensou duas vezes,  arrancou seu avental e seu boné assim que deu 20h. Arrumou aquele cabelo de três cores (Preto, Castanho e Loiro) e endireitou seu óculos, virando para Karla, a atendente, e perguntando:
- E aí, já tá pronto ? 

- Calabresa, Frango com Catupiry e Mista, né?! - Ela estendeu as pizza para ele.

- Exato - Ele pegou - Desconta no meu salário, tchau.

- Boa festa - Ela disse voltando a se concentrar no movimento.

Colocando o fone de ouvido até o talo com "Vai Começar A Ousadia", Ulysses subiu em sua moto e se foi. Sabia que não podia usar fone em motos, mas a casa dele ficava a exatos dois quarteirões. Não é possivel que ele ia ter o azar de bater a Penélope, a motoca gótica, bem no dia em que ele e Thiago completavam 1 ano morando juntos.
Chegando no Prédio 13, ele tirou o fone para prestar atenção nos próprios passos, ele não queria estragar a surpresa, então foi subindo as escadas degrau por degrau e girou a maçaneta do apartamento 3B com cuidado, mas ao entrar encontrou seus amigos o esperando com uma festa surpresa:

- SURPRESA! - Eliza, Pam, Bruno 1 e Bruno 2 gritaram juntos.

- PIZZA - Mas Thiago correu na direção do amigo, quando viu o quê ele havia trazido.

- Gente, não é que tu lembrou mesmo - Ulysses disse olhando a sala enfeitada enquanto entregava a pizza para a felicidade de Thiago.

- Como se eu fosse esquecido - Thiago sentava no sofá abrindo as pizzas.

- O quê?! Thiago?! Esquecido?! Imagina - Ulysses ria.

- Te saí que eu que te lembrei - Pam dizia para Thiago enquanto abraçava Ulysses.

- Que bom que vocês vieram - Ulysses dizia abraçado com Pam e ollhando seus amigos.

- É claro que gente ia dar um jeito de vim - Eliza dizia puxando sua namorada de volta pro seus braços arracando um sorriso do garoto.

- É - Bruno 2 sorriu. Ele não era de falar muito.

- Agora, deixa eu aumentar o som,  pelo amor de Alain Turing - o namorado de Bruno 2, Bruno 1 dizia enquanto deixava "Buzina" no último volume para o prédio todo escutar.

Bruno e seu namorado dançavam em um quanto enquanto Pam e Eliza já haviam sumido da festa. No sofá, Ulysses e Thiago conversavam sobre aqueles 365 dias. 

- Caraca, nem parece que já faz 1 ano.

- Né isso - Thiago concordava mas com a pizza na boca - Parece que foi ontem que tu me ligou.

- hahaha - Ulysses ria ao lembrar da cena.

- "Thiago, se eu te chamasse pra dividir uma casa, tu ia?!" - Ambos falaram ao mesmo tempo imitando a voz de Ulysses.

- Custava convidar logo?! - Thiago riu.

- Mas você topou rapidinho.

- Ah, mamãe tava ficando insuportável já - Thiago revirou os olhos - As indiretinhas e o modo que ela criticava tudo. Não aguentava mais.

- Nem me fale - Ulysses concordava.

- Ei, que isso - Thiago empurrou o amigo de leve - Cada um reclama da sua própria mãe.

Os dois voltaram a rir dos seus próprios problemas. Na época parecia que sem as mães eles iam morrer, mas juntos acabaram dando a volta por cima e se apoiando um no outro. Se naquele momento eles podiam fazer piada disso, é por que tudo já estava bem de novo.

- Gente, vocês não tão ouvindo a campainha?! - Pam saiu irritada do banheiro com Eliza.

- Ai, a gente tava distraído, foi mal - Ulysses respondia.

- É, a gente percebeu - Eliza disse sentando ao lado de Thiago.

- Pois não? - Pam abriu a porta com um sorriso, mas que so olhar para quem estava tocando a campainha, se fechou e ficou pálida - É... Thiago... É pra você.

- Pra mim?! - O garoto foi desconfiado. Seus amigos geralmente não tocam a campainha, só vão entrando. Mas ao chegar na porta sua pele negra rapidamente ficou mais branca que a da branca de neve - Mãe?!

A festa rapidamente chegou ao fim. Thiago deixou sua mãe esperando no quarto para tentar se despedir de seus amigos, mas não teve jeito, todos estranharam muito aquela situação e não teve nenhuma alma viva que se retirou sem antes desejar boa sorte. Ulysses ficou sentado no sofá da sala, enquanto via seu amigo respirar antes de entrar no quarto. 
- Oi - Ele sentou a beira da cama.

- Não vai nem me dar um abraço? - Ela abriu os braços.

- O quê você tá fazendo aqui? - Ele disse a fazendo fechar os braços.

- Eu não sabia mais pra onde ir - Ela disse caindo no choro.

- O quê houve? Aconteceu alguma coisa com o papai? - Thiago se aproximou de sua mãe.

- Aconteceu - Ela levantou seu olhar irritada - Aquele desgraçado me traiu.

- Como... - Thiaga estava incrédulo e mal pode terminar uma frase antes que sua mãe continuasse.

- Agora ele tá lá com aquele nojento.

- O quê?!

- Seu pai, me traiu com um homem, Thiago - Ela disse - Um viado.

O garoto não sabia como reagir a isso. Não estava esperando. Ele devia ficar feliz? Triste? Ele não sabia. Ele só estava confuso e ao mesmo tempo, tentando entender. Agora fazia sentido seu Pai não ter tido nenhuma reação quando o filho se assumiu, devia estar tão confuso quanto o próprio.
- Ele expulsou a senhora de casa?!

- Não, eu que quis sair - Ela respondeu como se fosse superior - Tudo naquela casa me lembrava ele.

- Entendi.

- Mas agora eu nem tenho aonde ficar, então eu pensei... Eu pensei que...

- Pensou em ficar aqui? - Thiago olhou sério para sua mãe.

- Se você não quiser, tudo bem.

- Não, eu... Eu só preciso falar com o Ulysses.

- Por quê? Esss casa não é sua também?! Eu sou sua mãe.

- É, mas foi ele que ficou comigo durante esse tempo todo - Thiago saiu do quarto já irritado.

Ele ficou parado na porta por alguns segundos sem saber o quê fazer. Ulysses ficou olhando-o parado também sem saber o quê falar. Ele tentou se aproximar, mas Thiago fez um "não" com a cabeça e ele mesmo foi se sentar com o amigo e contou tudo o quê havia acontecido.
- Ela... Vai ter que ficar aqui por um tempo - Ele o olhou - Tudo bem?

- Thiago, eu sei que a sua mãe o machucou tanto quanto a minha - Ulysses segurou a mão do garoto - Mas também sei que se fosse minha mãe batendo na porta, eu não pensaria duas vezes antes de ajuda-la.

- Obrigado - Thiago o abraçou.

- Ei, você sabe que sempre vai poder contar comigo, né

O discurso foi lindo, mas Ulysses sabia que não ia ser fácil. E não foi. Primeiro foram semanas, depois 1 mês, 2 meses.
Ela começou calada, mas com o tempo ela falava sobre Thiago estar "solto" demais, sobre a casa estar bagunçada, sobre o cabelo dos meninos estarem muito grande. Ulysses só jogava uns olhares para Thiago que se fingia de surdo e cego. Mas Ulysses não tinha a mesma paciência. E em um almoço, orquestrado por Ulysses, ela resolveu testar a paciência dos meninos.
- Empadão - Ulysses colocou o prato na mesa.

- Empadão é almoço agora? - Ela colocou um pedaço em seu prato.

- Se eu fiz no almoço, é - Ulysses respondeu sorrindo.

- Ah, claro, você que fez - Ela virou seu pedaço vendo se estava queimado. E estava - Tá explicado.

- ... - Ulysses engoliu seco e virou para Thiago com a cara vermelha de raiva.

- Eu amei. - Thiago disse.

- Óbvio, faz tudo pra agradar ele - Ela disse fazendo um sinal da cruz - Que Deus perdoe.

- É, isso, eu vou dormir na Pam, hoje, okay?! - Ulysses se levantou e pegou sua mochila.

- Não, por favor, espera - Thiago se levantou também.

- Eu não sei que tipo de namoro é esse que vocês traem um ao outro, depois falam que viado é só putaria e vocês querem... - Antes que ela pudesse terminar a frase, Thiago surtou.

- JÁ FALEI QUE A GENTE NÃO É UM CASAL - Thiago bateu na mesa assustando a mãe.

- Eu já vou indo, Thiago.

A mãe de a Thiado via seu filho ir atrás do "amigo" com o choro engatada na garganta. Não interessa se até agora ela não tinha visto eles trocaram um único selinho, estava na cara que eles estavam juntos e ela temia pela alma do filho. 
Do lado de fora, Ulysses socava a parede para não precisar socar a cara da mãe do amigo.
- Ulysses, fica, vai.

- Acredite, eu queria ficar na MINHA casa - Ulysses disse - Mas eu também queria respirar um pouco.

- Eu sei que esses últimos meses não foram muito legal.

- Lembra por que a gente foi morar junto? Para nossas mães pararem de nos tratar como "erros" e é exatamente isso que ela tá fazendo contigo, tudo de novo - Ulysses respirou fundo - Você precisa conversar com ela, Thiago.

E então Pam, abriu a porta do 3A, já escutando a voz do Ulysses.

- Eliza tá em Castanhal ainda né?

- Tá.

- Ótimo.

Thiago viu Ulysses entrando na casa de Pam e Eliza meio cabisbaixo. E enquanto Pam fechava a porta, ela lançava um olhar que talvez nem queria dizer nada, mas que Thiago entendeu como "Você sabe o quê fazer".