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A música estava alto suficiente para dificultar qualquer conversa, Ulysses dançava parada, pulando no seu lugar, enquanto Thiago o encarava sorrindo mas também preocupado. Já havia passado alguns meses desde a ida do amigo ao hospital e mesmo assim, Thiago não conseguia esquecer a sensação de ter Ulysses desmaiado em seus braços sujo de sangue. Já Ulysses, parecia estar aproveitando seus ultimos dias de vida, mesmo sabendo que tudo que ele precisava era descançar:
- Vai, Thiago, dança um pouco.
- Eu acho que já tá meio tarde, Ulysses.
- Ainda nem deu onze horas - Ulysses olhou pro celular rápido.
- Você tem que tá na cama meia noite, bebê.
- Iiiiih, virou sua mãe agora é?! - Riu.
- Ulysses, eu to falando sério - Thiago então viu seu amigo parar de dançar e ficar branco como a neve - Ai, meu deus, o que foi?!
- Rápido, vamos embora - Ulysses agarrou Thiago e se agacharam no chão.
- Ulysses, vamos embora AGORA.
- O QUÊ ACONTECEU?!
- Lembra do ex babaca do ensino médio?!
- O quê que... - Antes que Thiago pudesse dizer qualquer coisa Ulysses virou a cabeça do amigo na direção da entrada. - É ele?!
- O quê ele tá fazendo aqui?! Ele não tinha se mudado?!
- Eu não sei... Ulysses?! - Thiago via seu amigo mudar de branco pra verde.
- Thiago...
Antes que Ulysses pudesse falar qualquer coisa, desmaiou. Tudo ficou preto e tudo que ele ouvia era a música diminuir cada vez mais. Ela sumiu e se afastava e no lugar dele ele só ouvia uns sussurros desconhecidos e Thiago repetindo diversas vezes a frase "não precisa". Quando Ulysses acordou, seus olhos se encontraram com os de Eric, seu ex do ensino médio.
- Você tá bem?!
- Eu... To...
- Viu?! Ele só precisa ir pra casa - Thiago ajudou o amigo a se levantar, ficando frente a frente com Eric.
- Tem certeza?! Eu posso fazer uma rápida avaliação agora.
- Por quê?! Virou médico agora?! - Thiago riu.
- Virei.
- Não precisa. Vamos, Thiago. - Ulysses agarrou Thiago pelo braço e foram até a saída.
- Foi bom te ver, Ulysses - Eric disse antes que Ulysses se afastasse mais.
Aquilo havia sido um completo desastre.
- Médico?! Ele virou médico?! - Ulysses reclamava já em casa.
- Calma, Ulysses.
- Não, Thiago - Ulysses olhou Thiago no fundos dos olhos - Vocé sabe da história completa e você sabe exatamente como eu to agora...
- ...
- E você viu ele...
- Ulysses...
- Isso não é justo.
Ulysses foi se deitar com um único pensamento na cabeça: Ele acreditava em karma, então por que depois de todo aquele ensino médio de merda, Eric estava tão bem e ele tão na merda?!
Depois daquela noite horrível, Ulysses decidiu passar a manhã na cama, enquanto Tiago tinha trabalho. Já a vizinha do outro lado do corredor havia aproveitado a manhã para fazer as compras do mês. Pam havia subestimado o término com Eliza, então foi preciso fingir que estava em uma comédia romântica e passar por um makeover. E aquelas compras seriam perfeitas para divulgar seu novo corte de cabelo, nem que seja pros atendentes do mercado. E tudo teria sido perfeito se não tivesse cruzado com Eliza nos corredores de frio.
- Oi... - Pam congelou.
- Oi... - Eliza não acreditava no que estava vendo.
- Você cortou o cabelo...
- Você também...
Sim, elas estavam com o mesmo corte de cabelo. E se isso não fosse estranho o suficiente:
- Camisa legal.
- É... Valeu - Eliza riu. De nervoso.
Elas estavam com camisas extremamente parecidas.
- Bom... Tchau.
- Tchau.
E de volta ao apartamento, que agora era dividido com Bruno.
- VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR NO QUE ACONTECEU.
- Você encontrou Eliza no mercado?!
- Como...
- Você sempre faziam compra na primeira segunda-feira do mês.
- Aaaah - Pam se lembrou da rotina que achou que tinha esquecido - Merda.
- Vocês ficaram juntas por um bom tempo, é normal. - Bruno comentou tudo sem tirar os olhos da tevê. Ele estava sério. Como sempre desde a morte do marido.
- Bruno...
- Não começa. Eu to bem.
- Se tu quiser conversar...
- Eu sei, Obrigado.
Pam seguiu pro quarto, enquanto Bruno continuava lá, como sempre.
Com o começo da noite, Thiago enfim conseguia terminar aquelas tarefas chatas do escritório de advocacia. Estava prestes a voltar pra casa quando...
- Alô?!
- Oi, meu filho.
- Oi, mãe, só ligando pra avisar que os papéis de divórcio já chegaram, pode ver isso pra mim quando tu chegar?
- ... - Thiago congelou.
- Filho?!
- Tá... Eu vejo.
Thiago desligou o telefone. Ficou esses dois meses pensando tanto na saúde de Ulysses que havia esquecido o divórcio dos pais. Eles realmente estavmse separando. Seu pai era gay e agora sua mãe era sua inquilina.
- Thiago, você tá bem?! - Nunes, um colega do trabalho entrou na sala - Eu bati e você não respondeu.
- Eu... To bem.
- Sério?! Você não parece muito bem, não.
- Eu só to um pouco cansado.
- Entendo... É aquele seu namorado de novo?!
- Quem?! Ulysses?! Ele é só meu amigo - Thiago arrumava suas coisas pra sair.
- Então... Você tá solteiro?!
- Eu não disse isso - Thiago respondeu sério.
- Desculpa, eu... - Nunes congelou.
- É brincadeira, Nunes - Thiago riu - É, to solteiro. Até amanhã.
- Até - Nunes se despediu.
Já na pizzaria, Ulysses tentava não pensar ma noite anterior e sim focar no trabalho.
"Okay, ele se formou, ficou mais gato e provavelmente mais rico. Foda-se. Eu só to esperando as coisas melhorarem. Isso não vai ser pra sempre. E se for, ok. Eu to feliz. Eu to feliz. Eu... To..."
- Ulysses, cliente novo - A atendente cutucou ele.
- Desculpa, eu to indo... - Ulysses se virou pra porta e viu o cliente.
- Ulysses?! - Era Eric. Ele estava na porta esperando Ulysses o atender.
- ... Não - Ulysses sussurrou.
- Ulysses... Você tá bem?!.
- eu me demito - Ulysses disse inseguro e depois respirou fundo - Desculpa, eu me demito.
Ulysses andou até a porta da frente passando direto pro Eric que tentou chama-lo, mas de nada adiantou. Ulysses subiu na Penélope e foi indo a alta velocidade. Não sabia pra onde, mas sabia que não queria mais estar naquela vida, que infelizmente era sua. Estava tão afobado que nem viu uma garota que passou na sua frente e quase a atropelou, mas felizmente conseguiu freiar a derrubando só com o susto.
- Meu Deus, me desculpa.
- Qual o seu problema?!
- Eu juro que não te vi - Ele tirou o capacete e estendeu sua mão.
- ... Ulysses?!
- ... Natty?!
- Vai, Thiago, dança um pouco.
- Eu acho que já tá meio tarde, Ulysses.
- Ainda nem deu onze horas - Ulysses olhou pro celular rápido.
- Você tem que tá na cama meia noite, bebê.
- Iiiiih, virou sua mãe agora é?! - Riu.
- Ulysses, eu to falando sério - Thiago então viu seu amigo parar de dançar e ficar branco como a neve - Ai, meu deus, o que foi?!
- Rápido, vamos embora - Ulysses agarrou Thiago e se agacharam no chão.
- Ulysses, vamos embora AGORA.
- O QUÊ ACONTECEU?!
- Lembra do ex babaca do ensino médio?!
- O quê que... - Antes que Thiago pudesse dizer qualquer coisa Ulysses virou a cabeça do amigo na direção da entrada. - É ele?!
- O quê ele tá fazendo aqui?! Ele não tinha se mudado?!
- Eu não sei... Ulysses?! - Thiago via seu amigo mudar de branco pra verde.
- Thiago...
Antes que Ulysses pudesse falar qualquer coisa, desmaiou. Tudo ficou preto e tudo que ele ouvia era a música diminuir cada vez mais. Ela sumiu e se afastava e no lugar dele ele só ouvia uns sussurros desconhecidos e Thiago repetindo diversas vezes a frase "não precisa". Quando Ulysses acordou, seus olhos se encontraram com os de Eric, seu ex do ensino médio.
- Você tá bem?!
- Eu... To...
- Viu?! Ele só precisa ir pra casa - Thiago ajudou o amigo a se levantar, ficando frente a frente com Eric.
- Tem certeza?! Eu posso fazer uma rápida avaliação agora.
- Por quê?! Virou médico agora?! - Thiago riu.
- Virei.
- Não precisa. Vamos, Thiago. - Ulysses agarrou Thiago pelo braço e foram até a saída.
- Foi bom te ver, Ulysses - Eric disse antes que Ulysses se afastasse mais.
Aquilo havia sido um completo desastre.
- Médico?! Ele virou médico?! - Ulysses reclamava já em casa.
- Calma, Ulysses.
- Não, Thiago - Ulysses olhou Thiago no fundos dos olhos - Vocé sabe da história completa e você sabe exatamente como eu to agora...
- ...
- E você viu ele...
- Ulysses...
- Isso não é justo.
Ulysses foi se deitar com um único pensamento na cabeça: Ele acreditava em karma, então por que depois de todo aquele ensino médio de merda, Eric estava tão bem e ele tão na merda?!
Depois daquela noite horrível, Ulysses decidiu passar a manhã na cama, enquanto Tiago tinha trabalho. Já a vizinha do outro lado do corredor havia aproveitado a manhã para fazer as compras do mês. Pam havia subestimado o término com Eliza, então foi preciso fingir que estava em uma comédia romântica e passar por um makeover. E aquelas compras seriam perfeitas para divulgar seu novo corte de cabelo, nem que seja pros atendentes do mercado. E tudo teria sido perfeito se não tivesse cruzado com Eliza nos corredores de frio.
- Oi... - Pam congelou.
- Oi... - Eliza não acreditava no que estava vendo.
- Você cortou o cabelo...
- Você também...
Sim, elas estavam com o mesmo corte de cabelo. E se isso não fosse estranho o suficiente:
- Camisa legal.
- É... Valeu - Eliza riu. De nervoso.
Elas estavam com camisas extremamente parecidas.
- Bom... Tchau.
- Tchau.
E de volta ao apartamento, que agora era dividido com Bruno.
- VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR NO QUE ACONTECEU.
- Você encontrou Eliza no mercado?!
- Como...
- Você sempre faziam compra na primeira segunda-feira do mês.
- Aaaah - Pam se lembrou da rotina que achou que tinha esquecido - Merda.
- Vocês ficaram juntas por um bom tempo, é normal. - Bruno comentou tudo sem tirar os olhos da tevê. Ele estava sério. Como sempre desde a morte do marido.
- Bruno...
- Não começa. Eu to bem.
- Se tu quiser conversar...
- Eu sei, Obrigado.
Pam seguiu pro quarto, enquanto Bruno continuava lá, como sempre.
Com o começo da noite, Thiago enfim conseguia terminar aquelas tarefas chatas do escritório de advocacia. Estava prestes a voltar pra casa quando...
- Alô?!
- Oi, meu filho.
- Oi, mãe, só ligando pra avisar que os papéis de divórcio já chegaram, pode ver isso pra mim quando tu chegar?
- ... - Thiago congelou.
- Filho?!
- Tá... Eu vejo.
Thiago desligou o telefone. Ficou esses dois meses pensando tanto na saúde de Ulysses que havia esquecido o divórcio dos pais. Eles realmente estavmse separando. Seu pai era gay e agora sua mãe era sua inquilina.
- Thiago, você tá bem?! - Nunes, um colega do trabalho entrou na sala - Eu bati e você não respondeu.
- Eu... To bem.
- Sério?! Você não parece muito bem, não.
- Eu só to um pouco cansado.
- Entendo... É aquele seu namorado de novo?!
- Quem?! Ulysses?! Ele é só meu amigo - Thiago arrumava suas coisas pra sair.
- Então... Você tá solteiro?!
- Eu não disse isso - Thiago respondeu sério.
- Desculpa, eu... - Nunes congelou.
- É brincadeira, Nunes - Thiago riu - É, to solteiro. Até amanhã.
- Até - Nunes se despediu.
Já na pizzaria, Ulysses tentava não pensar ma noite anterior e sim focar no trabalho.
"Okay, ele se formou, ficou mais gato e provavelmente mais rico. Foda-se. Eu só to esperando as coisas melhorarem. Isso não vai ser pra sempre. E se for, ok. Eu to feliz. Eu to feliz. Eu... To..."
- Ulysses, cliente novo - A atendente cutucou ele.
- Desculpa, eu to indo... - Ulysses se virou pra porta e viu o cliente.
- Ulysses?! - Era Eric. Ele estava na porta esperando Ulysses o atender.
- ... Não - Ulysses sussurrou.
- Ulysses... Você tá bem?!.
- eu me demito - Ulysses disse inseguro e depois respirou fundo - Desculpa, eu me demito.
Ulysses andou até a porta da frente passando direto pro Eric que tentou chama-lo, mas de nada adiantou. Ulysses subiu na Penélope e foi indo a alta velocidade. Não sabia pra onde, mas sabia que não queria mais estar naquela vida, que infelizmente era sua. Estava tão afobado que nem viu uma garota que passou na sua frente e quase a atropelou, mas felizmente conseguiu freiar a derrubando só com o susto.
- Meu Deus, me desculpa.
- Qual o seu problema?!
- Eu juro que não te vi - Ele tirou o capacete e estendeu sua mão.
- ... Ulysses?!
- ... Natty?!
